A Feature Factory e Seus Perigos
No cenário dinâmico do desenvolvimento de produtos, a “feature factory” surge como um adversário oculto, insidiosamente drenando recursos e energia das equipes. Esse termo descreve a armadilha enfrentada por times de produto que, focados em entregar funcionalidades em ritmo frenético, negligenciam a consideração do impacto e do valor real de suas criações.
Em vez de impulsionar o progresso, a feature factory cria um ciclo vicioso de entregas automáticas, onde o backlog se expande infinitamente, enquanto as métricas de sucesso permanecem estagnadas. Essa abordagem míope, que confunde produtividade com performance, acarreta um custo significativo para o negócio, diluindo o retorno sobre o investimento e minando a capacidade de inovação.
Érica Oliveira, head de produto no Host, nos lembra de uma verdade fundamental: “Entregar não é sinônimo de gerar valor”. Essa máxima ecoa como um chamado para líderes de produto que desejam romper com o status quo e guiar suas equipes rumo a um impacto real.
Liderança de Produto: A Bússola para a Mudança
A chave para evitar a armadilha da feature factory reside em uma liderança de produto visionária, que orienta a entrega pelo impacto, não pela quantidade. Érica Oliveira, em sua inspiradora live com André Moleiro, compartilha a regra de ouro de sua equipe: “Nada entra no roadmap se não mover uma alavanca de OKR.”
Esse mindset, cultivado na liderança e disseminado por toda a organização, capacita os times a priorizar iniciativas que realmente importam, otimizando o tempo e os recursos. Para colocar esse princípio em prática, os líderes de produto devem adotar uma abordagem multifacetada:
- Análise de Dados: Mergulhar nos dados para identificar padrões, tendências e oportunidades de melhoria.
- Escuta Ativa: Ouvir atentamente os clientes, buscando compreender suas necessidades, dores e desejos.
- Métricas Significativas: Definir e monitorar métricas que reflitam o valor entregue ao cliente e ao negócio.
- Decisões Contextualizadas: Tomar decisões informadas, considerando o contexto específico de cada situação.
Cultura de Dados: O Alicerce da Estratégia
Em empresas que abraçam uma cultura data-driven, o achismo perde espaço para a objetividade dos dados. Nessas organizações, a tomada de decisões estratégicas é guiada por insights concretos, obtidos por meio de:
- Reuniões Periódicas de Análise de Métricas: Promover a transparência e o alinhamento, envolvendo os times na análise conjunta dos resultados.
- Priorização Baseada em OKRs: Assegurar que todas as iniciativas estejam diretamente ligadas aos objetivos-chave da empresa, maximizando o impacto.
- Utilização de Ferramentas e Técnicas: Empregar pesquisas, dashboards e outras ferramentas para coletar, analisar e visualizar os dados de forma eficaz.
Érica Oliveira ilustra esse processo com a prática da escuta ativa, enfatizando a importância de compreender as razões por trás dos cancelamentos de clientes, identificar as lacunas do produto e analisar a concorrência antes de embarcar no desenvolvimento de novas soluções.
Propósito Realista: A Base da Sustentabilidade
Em meio ao entusiasmo pela criação de produtos inovadores, Érica Oliveira lança uma provocação essencial: “Ah, mas isso é bom para o cliente… será?”. Essa pergunta nos convida a refletir sobre o propósito dos produtos, que deve ser realista e alinhado com os objetivos do negócio.
Embora a empatia com o cliente seja fundamental, as empresas não podem se limitar a apenas agradá-los; a busca pelo lucro é indispensável para garantir a sustentabilidade do negócio. O exemplo do Pix com cartão de crédito do Itaú demonstra como uma solução pode ser visualmente persuasiva e, ao mesmo tempo, estrategicamente vantajosa para a empresa.
Um produto que não gera resultados para a empresa, por mais que encante os clientes, não se sustenta a longo prazo. Portanto, é crucial encontrar o equilíbrio entre a satisfação do cliente e os objetivos do negócio.
Experimentação: O Combustível da Inovação
No caminho da construção de produtos de impacto, o erro é inevitável. No entanto, a forma como lidamos com os erros pode se tornar uma vantagem competitiva. Errar rápido e com responsabilidade permite que as equipes aprendam, se adaptem e inovem de forma contínua.
“Feito é melhor que perfeito — mas com clareza do que é V1 e V2”, afirma Érica Oliveira. Essa mentalidade incentiva a experimentação, a validação rápida de hipóteses e as iterações contínuas. Equipes que testam mais aprendem mais e, consequentemente, constroem produtos com maior valor percebido.
Liderança Colaborativa: Derrubando os Silos
Os silos organizacionais, barreiras que separam os diferentes departamentos de uma empresa, representam um obstáculo significativo para a criação de produtos de impacto. A velha história da falta de comunicação e alinhamento entre tecnologia, produto, agilidade, jurídico e outras áreas ainda assombra muitas organizações, prejudicando a colaboração e a eficiência.
A solução para esse problema está na responsabilidade colaborativa, onde todos os envolvidos no processo de desenvolvimento de produtos trabalham juntos em prol de um objetivo comum. “Se as lideranças não colaboram, os times não entregam bem”, destaca Érica Oliveira, ressaltando o papel fundamental dos líderes na promoção de uma cultura de colaboração.
Líderes conectados, que falam a mesma linguagem do resultado compartilhado, inspiram seus times a trabalharem em sinergia, superando os silos e construindo produtos verdadeiramente excepcionais.
Agilidade Estratégica: Além dos Rituais
A agilidade, quando compreendida em sua essência, transcende os rituais e as cerimônias. Ela se revela como uma forma de pensar e decidir, permeando toda a organização e impulsionando a criação de produtos de valor.
Érica Oliveira enfatiza que times ágeis de verdade são:
- Orientados por Propósito Claro: Guiados por uma visão compartilhada e objetivos bem definidos.
- Focados em Entregas Frequentes e Mensuráveis: Comprometidos com a entrega contínua de valor, com resultados tangíveis e mensuráveis.
- Parceiros de Engenharia, UX, Dados e Negócios: Integrados com as demais áreas da empresa, trabalhando em colaboração para alcançar o sucesso.
A verdadeira agilidade reside na estratégia, na capacidade de adaptação e na busca constante por melhoria, e não na adesão cega a metodologias e ferramentas.
Cultura: O DNA da Organização
A cultura de uma empresa não se resume aos valores afixados nas paredes; ela se manifesta nas ações e comportamentos de seus colaboradores no dia a dia. “Cultura come estratégia no café da manhã, e muda por migalhas”, afirma Érica Oliveira, destacando a importância da consistência e da persistência na construção de uma cultura forte e positiva.
Transformações culturais significativas ocorrem quando cada indivíduo, desde os líderes até os membros dos times, assume o compromisso de mudar seus hábitos e atitudes, mesmo que em pequenos passos diários. A constância e a coerência são mais poderosas do que discursos eloquentes ou declarações de intenções.
Conclusão: Rumo a um Futuro de Impacto
A era da entrega pela entrega, do backlog infinito e da falta de direção, está chegando ao fim. O futuro da construção de produtos reside no impacto, na capacidade de gerar resultados tangíveis e significativos para os clientes e para o negócio.
Para trilhar esse caminho de sucesso, é fundamental:
- Entregar Menos, Mas com Mais Impacto: Priorizar a qualidade em detrimento da quantidade, focando em funcionalidades que realmente fazem a diferença.
- Praticar o Discovery de Verdade: Investir tempo e esforço na compreensão profunda das necessidades dos clientes e na validação de hipóteses antes de iniciar o desenvolvimento.
- Decidir com Base em Dados: Utilizar os dados como guia para a tomada de decisões estratégicas, evitando o achismo e maximizando as chances de sucesso.
- Construir Cultura com Consistência: Cultivar uma cultura forte e positiva, baseada em valores como colaboração, aprendizado contínuo e foco no cliente.
- Focar no Cliente e no Negócio: Buscar o equilíbrio entre a satisfação do cliente e os objetivos do negócio, garantindo a sustentabilidade a longo prazo.
Líderes de produto, tecnologia e agilidade: a revolução começa com vocês. Ao abraçarem esses princípios e inspirarem suas equipes a segui-los, vocês estarão pavimentando o caminho para um futuro de produtos que não apenas encantam, mas também transformam o mundo.
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